| Peixes | Na única unidade de conservação marinha do Estado, 131 espécies foram identificadas. Este é primeiro levantamento completo do parque
Pesquisa realizada pelo Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC) em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Universidade de São Paulo (USP) identificou 131 espécies de peixes do Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio, única unidade de conservação totalmente marinha do Ceará. Dos tipos mapeados, 13 estão ameaçados de extinção.
Um dos pesquisadores responsáveis pelo trabalho, João Eduardo Pereira de Freitas, conta que começou a fazer pesquisas sobre o Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio, localizado a 18km do Porto do Mucuripe, em Fortaleza, ainda durante a graduação, no Labomar. A pesquisa atual foi fruto de dissertação de mestrado e teve como objetivo contribuir na preservação da unidade. “Julgamos que essa informação (mapeamento das espécies) é fundamental para a tomada de decisão dos gestores para conhecer o que está sendo preservado”, diz. Além de Eduardo, Maria Elisabeth de Araújo, da UFPE, e Tito Monteiro da Cruz Lotufo, da USP, participaram da pesquisa.
“Esse trabalho da gente é o primeiro passo para a gestão do parque, deve ser continuado”, incentiva Eduardo. Dentre as espécies mapeadas, também há seis endêmicas das águas brasileiras, ou seja, que só ocorrem no Brasil. A pesquisa também analisou a distribuição dos animais em diferentes pontos do parque e descobriu que a fauna muda de acordo com as regiões. Essa informação pode auxiliar a administração do equipamento a determinar zonas de gestão diferenciadas e melhorar a eficiência na conservação da área como um todo.
Além disso, o trabalho alerta que, apesar de ter sido constatada grande diversidade de peixes dentro da área protegida, a sobrevivência em médio ou longo prazo não é garantida devido à diferença dos locais em que as espécies vivem conforme a fase do ciclo de vida. Várias espécies utilizam ambientes que estão fora de unidades de conservação e vêm sofrendo diferentes níveis de impacto.
 O coordenador da pós-graduação em Ciências Marinhas do Labomar, Marcelo Soares, aponta que antes não havia um levantamento completo sobre as espécies no parque, criado em 1997. “Essa informação é importante porque agora estão sendo traçadas estratégias para a conservação desse local. Como que a gente vai conservar algo que não conhece?”, coloca.
Segundo ele, um dos principais problemas na unidade é a pesca ilegal, o que prejudica a biodiversidade, principalmente com relação às espécies ameaçadas de extinção.
Para a gestora do Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio, Izaura Lila Lima, novas ações poderão ser realizadas para a preservação da unidade. O equipamento é de responsabilidade da Secretaria do Meio Ambiente (Sema). “É fundamental ter esses resultados para ter esse olhar e essa conscientização de que o fundo do mar também está aí e precisa ser preservado”, afirma.
“Faz com que a gente entenda a riqueza dessa biodiversidade que está perto da gente. O parque é um berço de vida marinha que as pessoas ainda não têm consciência que existe”, destaca.